Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2003
Claro que sabia que iria ser assim; já o tinha antecipado; já o tinha visto como um "dejá-vue", já o tinha vivido, a bem dizer: Apenas não sabia o quanto iria "custar" não em termos de menos valias ou de perdas mas de "peso" na Alma.
É um custo inimaginável.
É preciso "passar" por "isso" para se saber o que é. E não é nada de grave, penso que não se morre fisicamente, mas morre-se um pouco, espiritualmente ou como lhe queiram chamar. Não sei se é o Espírito ou a Alma ou a Consciência ou o Coração ou a Mente que ama e sente; não sei nada disso, sou um leigo nessa matéria; apenas sinto e o que sinto é isso, uma angústia enorme, uma tristeza latente e profunda, um desgaste de energias que não entram, apenas deixam de existir; não, não sei nada disso, sou um simples mortal que viveu algo muito lindo e que já não vive essa beleza.
Sei, diréis que há outras belezas para se admirarem e serem vividas e que é preciso "passar por cima" e ir em frente. Aceito que sim mas nada disso tira esta melancolia de mim.
Nada disso me tira esta tristeza.
Nada me afaga a Alma.
Nada me faz sorrir.
Decidi, pois, partir.
Não, não é partir desta vida descontente; é partir "daqui", do meu "antro" de vida e deixar que ela, a vida, se consuma em tempos de idas e vindas, de chegadas e partidas, sem perdas nem ganhos, apenas passagem, passagem por "aqui" e por onde ela, a vida, me quiser levar.
Vou-vos deixar.
Mas não quero "partir" sem me "despedir" de todos vós, de todos os que me aturaram estas letras e estes desabafos (como muitos que por aqui andam e vão continuar a andar, a vida é um lento mas persistente desabafo!), estas escritas feitas ao acaso mas que mais não foram do que a minha nudez perante vós.
Me "despi" perante todos.
Chegou a hora de me "vestir".