Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2004
Não, não fui ao dicionário ver o significado da palavra do título deste post; nem vou. Tenho uma ideia e julgo não estar muito longe da verdade ao pensar que ela quer dizer "prender sem prisão". Ficar cativo de algo é ficar "preso" sem se estar "preso"; é apenas a noção de se sentir bem por algo que provoca essa sensação.
Há, nesta blogosfera (nome pomposo para designar o conjunto de blogs nesta esfera de acção que é a internet) blogs que cativam e blogs que não nos dizem nada; há blogs individuais e blogs colectivos; há blogs com aceitação de comentários e blogs que não os aceitam; há blogs de poesia, de prosa, de imagem, de tudo um pouco criando um universo interessante e novo neste novo mundo que temos à nossa frente e que nos abre as portas e a quem abrimos as portas.
Existem blogs que nunca visitarei pela simples razão da sua imensidão! São tantos que nunca chegarei a ter tempo para os visitar; são um pouco como os livros: nunca os lerei todos mesmo que nada mais fizesse na vida.
Existem blogs que visito diariamente, uma vintena, penso e depois com mais vagar visito outros e ainda faço a navegação de link em link na procura de algo que ainda não saiba.
E tanta e tanta coisa que não sabemos!
Este mundo é maravilhoso.
Mas perigoso!
Tentador!
Mas gostoso!
Traidor!
Mas venturoso!
Feito com amor!
Mas doloroso!
Fiquei cativo de quase todos eles.
Gostaria de cativar alguns.
Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2004
Todos sabem o que é uma dedicatória: algo que se escreve num livro que se vai oferecer, algo que se pretende faça lembrar o porquê da oferta, a ocasião da mesma e o que vai na alma de quem faz a entrega. Quem recebe, esboça um sorriso de bem estar, de se saber reconhecido ou tão somente acha bonito o que lhe dedicaram. Muitas e muitas dedicatórias tive ao longo da vida, mas há uma que perdurará enquanto eu cá estiver; estará sempre comigo, no meu coração, no meu ser; uma dedicatória que, num livro, diz tão simplesmente assim:
"Tudo é amor, tudo é para sempre."
Domingo, 22 de Fevereiro de 2004
Não, não existem! Quando julgamos "captar" um amor-perfeito a distância não "capta" a essência dessa "flor" e então fica-se apenas com uma imagem distorcida da vida...
(captada em Sintra em 2003.02.22)
Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2004
Pedaços que desconheço de pedaços perdidos de mim; desde o dia em que parti sem de ti me despedir; não olhei para trás porque pensei voltar a ver-te... mas jamais te vi; e nesse olhar que não olhei sei que fixei o teu olhar a olhar para mim, vendo-me sair... e esse olhar teu que eu não vi, jamais o irei esquecer.
Sábado, 14 de Fevereiro de 2004
Por isso mesmo eu amo; por isso mesmo eu sou livre de expressar o meu amor. E, dessa forma, desejar mesmo o impossível. Nada me prende. Apenas quero manter o sonho.
Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2004
vá
tirem-me tudo
eu me desnudo
num gesto simples
e urgente
tu e toda a gente
tirem-me tudo
tirem-me o corpo
a alma
o sorriso
e a calma
tirem-me o juízo
a paz
a rectidão
tirem-me o siso
o beijo
e o riso
tirem-me o sol
a lua
façam um longo rol
tirem-me tudo
eu me desnudo
tirem-me a pele
a voz
o coração
tirem-me as mágoas
as roupas
a saudade
tirem-me o peito
o respeito
a verdade
o ontem, o hoje
e o amanhã
tirem-me tudo
mesmo que seja já
eu me desnudo
façam uma lista
de nada se esqueçam
façam revista
tirem-me tudo
a vida
a chegada
ou a partida
tirem-me tudo
eu me desnudo
à vossa disposição me ponho
mas, por favor
não me tirem o sonho!...
Quinta-feira, 12 de Fevereiro de 2004
...sei hoje melhor do que ontem e menos do que hei-de saber amanhã... o que sinto e o que quero. Um caminho difícil e onde me dói, todos os dias, a dor que faço doer...
Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2004
Somente
eu...
tu...
Eu e tu
numa só pessoa...
num só coração...
numa só vida...
num só sofrimento...
numa só saudade...
Eu somente só.
Tu somente só.
Eu e tu sozinhos...
Nós somente só
em diferentes caminhos.
Esse nós
numa pessoa só
e nada mais.
Nada mais
do que amor...
Eu e tu
numa só dor.
(de: Daniel Rego Barros Júnior)
(enviado por Maria_1460)
Dois! Eu e Tu, num ser indissolúvel! Como
Brasa e carvão, centelha e lume, oceano e areia
aspiram a formar um todo, -em cada assomo
A nossa aspiração mais violenta se ateia...
Como a onda e o vento, a lua e a noite, o orvalho e a selva
-O vento erguendo a vaga, o luar dourado a noite,
Ou o orvalho inundando as verduras da relva-
Cheio de ti, meu ser d`eflúvios impregnou-te!
Como lilás e a terra onde nasce e floresce,
O bosque e o vendaval, desgrenhando o arvoredo,
O vinho e a sede, o vinho onde tudo se esquece,
-Nós dois, d`amor enchendo a noite do degredo.
Como parte dum todo, em amplexos supremos
Fundindo os corações no ardor que nos inflama,
Para sempre um ao outro, Eu e Tu pertencemos,
Como se eu fosse o lume e tu a chama.
(in Sol de Inverno, António Feijó)
Terça-feira, 10 de Fevereiro de 2004
Procurei todas as razões possíveis e imaginárias para que, pelo menos uma, justificasse o que aconteceu.
Não encontrei.
Desesperadamente à procura de uma razão até que cheguei à conclusão de que não é preciso razão.
As coisas acontecem pelo simples facto de que têm de acontecer.
Busca-se uma vida inteira pela razão que justifique determinado acto e ficámos indeterminadamente apáticos quando não a vemos.
Mas será que é preciso uma razão?
Mas então, se não houver razão para que algo determine um acontecimento, por que se verifica esse facto?
Vivemos no caos?
O caos não precede ou procede com uma ordem ainda que sem ordem mas com uma necessidade de motivar novo facto?
Tenho lutado este tempo todo comigo mesmo no sentido de tentar perceber.
Não consigo.
E isso me destrói.
Me destrói o facto de não ser capaz, o facto de não conseguir, o facto de assumir a nulidade de tudo o que aconteceu.
Não encontrando razão para o motivo dum fim, que razão determinou um princípio?
E, por que razão durou um certo espaço-tempo?
Ou não há razão para nada?
Será que somos apenas marionetes?
Será que nem nos afectos somos os gestores dos mesmos?
Será que não há razão para amar?