Domingo, 6 de Junho de 2004
Há tempo, que tempos ,
Só o tempo saberá,
Rendi-me a ser corpo
E viajei nesta dádiva única
Com que nasci.
Assim me fui despindo
E descobrindo
E de tudo beleza colhi.
Entreguei-me ao amor ,
Sem condições das razões,
Razão porque estou aqui.
Olhei pontes não visíveis,
Vistas nos olhares do coração,
Entre tempos infindáveis,
Entre projectos individuais
E processos globais,
Entre desejos , sonhos,
Evoluções , mutilações,
Realizações e frustrações.
Todas as pontes onde andei
Me deixaram neste lugar,
Indefinido por indefinível.
Atlântida no nosso íntimo,
Onde o que aparenta não sentir
É serenidade de inclusão dos sentires,
Na organização
Da ausência de poderes.
Rendida a um tempo,
Pleno de invisíveis companheiros,
Que atravessa todos tempos relativos,
Onde acasos e necessidades não há
No bem querer viajar.
Em que os silêncios,
Entre o som dos ruídos,
Revelam que são perpétuos os sons
Das vozes
Na ausência do silêncio .
Em que na inconstância
Do que se olha
A única constância
É o movimento perpétuo
Da permanente inconstância.
Entre um tempo e todos os tempos
É eterna a ponte de todas as pontes.
(from: Eureka Cruz)