Quarta-feira, 30 de Junho de 2004
Toca a espremer essa laranja. Bebam-na até à última gota, mas... por favor: VENÇAM!
Segunda-feira, 28 de Junho de 2004
Uma série na rtp2 a não perder.
(photo from rpt/pt)
Segunda-feira, 21 de Junho de 2004
Foi numa altura em que ainda se conseguia lá ir com o carro; entrei pela porta principal e comecei a subir até ao mais pequenino sítio para se poder estacionar. Saí e o silêncio estava lá à minha espera. Havia um pouco de vento mas não sei de que quadrante. Fiz o restante do percurso a pé, até à zona mais perto do castelo, das muralhas.
Olhei em frente e em volta.
Fiquei fascinado. Nunca tinha visto as costas aos pássaros voando. Por baixo de mim e à volta das muralhas, os pássaros voavam abaixo do meu nível de visão. Era um enorme prazer o que a minha vista desfrutava.
O silêncio estava ali ao meu lado.
Inspirei fundo e retive o momento para que ainda hoje me lembre dele como se o estivesse a viver agora.
Há imensas rochas por ali. Imensa memória ali cravada na pedra, ali forjada em segredos de distância e de histórias que se conhecem mas também das que se não sabem; memórias de tempos imensos de glória e de luta.
Olhei a rocha e coloquei as palmas das minhas mãos na firme solidez fria das pedras; o que senti não foi daqui mas também não sei de onde foi; senti algo que me percorreu a alma e a minha memória encheu-se de imagens.
Inspirei novamente e de novo guardei o momento para o rever quando o quisesse viver de novo (o que estou a fazer agora).
O silêncio tinha som e imagem e esse som me transportou a tempos remotos para lá de tudo o que eu podia conhecer; as imagens, essas, foram nítidas e aqui estão, impressas para todo o sempre, num recanto de mim.
O vento sentia-se sem se ouvir e as minhas mãos começaram a aquecer; um formigueiro enorme me percorreu os braços, o tronco, a bacia e desceu pernas abaixo até que senti meus pés ferverem; estava ali debruçado sobre a rocha ouvindo o passado, sentindo como se ele ali estivesse presente dando-me a conhecer o que não tinha vivido.
A sensação tornou-se-me límpida e fresca e um sorriso se me aflorou nos lábios.
Retirei as mãos da pedra e comecei a descer para o carro.
Acabava de viver algo de inesquecível. Tinha pura e simplesmente viajado no tempo, tinha ido ao passado, tinha recuado uns séculos e o som e a imagem ficaram comigo.
Apesar de tudo, senti paz.
Fica ali, no Alentejo, mesmo perto da fronteira e chama-se Marvão.
Preciso de lá voltar.
Quinta-feira, 17 de Junho de 2004
"...Ser quem somos. Como sempre fomos ou quisemos ser. Como nos esquecemos de ser. Como nos proibimos. E a mudança, acaba assim a saber a descoberta, mesmo das coisas mais antigas, quase velhas, que sempre foram nossas ou que sempre quisemos..."
(citação noutro blog).
Terça-feira, 15 de Junho de 2004
Lógica da beleza.
Verdade divina.
Criança cristalina.
Cruel subtileza.
Soluços em meus ouvidos.
Suaves e tangidos.
Melodia pura e bela.
Fragrância do ritmo.
No infinito me revejo.
Odores de um desejo.
No meu ser interior.
Sonhos perdidos.
Sonhos de amor.
Lógica doce e bendita.
Som belo de suave azul.
Numa alma que apenas grita.
Quarta-feira, 9 de Junho de 2004
Toco-te com o meu olhar
Beijo-te com os meus dedos
E sinto teu doce palpitar
Num corpo cheio de medos
Olho-te com minhas mãos
E teço perfumes no ar
Onde ouves meus sussurros
Dizendo que te quero amar
Em teu rio que vem desse mar
Em tua Lua que me leva o luar
Nesse Sol que de tanto queimar
Me aquece a alma deste chorar
Perdido na sombra do querer
Acordar e olhar e te ver
Queda e bela a sorrir
Em borboletas que volteiam
Teus ombros de seda a cobrirem
Meus braços que te amparam
Tua face doce que me domina
Este desejo intenso neste sonho
Que ouço breve e depressa termina
Segunda-feira, 7 de Junho de 2004
Segundo dizem (admito a hipótese de existirem mais algumas verdades absolutas) a única verdade e certeza absoluta é a morte! Ou seja, não há qualquer dúvida que todos vamos morrer um dia! Alguém duvida? parece que não, logo é a única verdade; as outras podem ser como podem não ser.
Se assim é, só há uma forma de enfrentar essa verdade nua e crua: é utilizar o tempo que temos até chegar esse momento fatídico a fazermos o que mais gostarmos; ou seja, escolha-se a forma de estar neste mundo até esse dia.
Escolham o que querem fazer até ao momento da morte e... façam-no!
Não interessa o quê.
Interessa ser feliz até esse dia, fazendo o que mais gostarmos.
Domingo, 6 de Junho de 2004
Há tempo, que tempos ,
Só o tempo saberá,
Rendi-me a ser corpo
E viajei nesta dádiva única
Com que nasci.
Assim me fui despindo
E descobrindo
E de tudo beleza colhi.
Entreguei-me ao amor ,
Sem condições das razões,
Razão porque estou aqui.
Olhei pontes não visíveis,
Vistas nos olhares do coração,
Entre tempos infindáveis,
Entre projectos individuais
E processos globais,
Entre desejos , sonhos,
Evoluções , mutilações,
Realizações e frustrações.
Todas as pontes onde andei
Me deixaram neste lugar,
Indefinido por indefinível.
Atlântida no nosso íntimo,
Onde o que aparenta não sentir
É serenidade de inclusão dos sentires,
Na organização
Da ausência de poderes.
Rendida a um tempo,
Pleno de invisíveis companheiros,
Que atravessa todos tempos relativos,
Onde acasos e necessidades não há
No bem querer viajar.
Em que os silêncios,
Entre o som dos ruídos,
Revelam que são perpétuos os sons
Das vozes
Na ausência do silêncio .
Em que na inconstância
Do que se olha
A única constância
É o movimento perpétuo
Da permanente inconstância.
Entre um tempo e todos os tempos
É eterna a ponte de todas as pontes.
(from: Eureka Cruz)
Sexta-feira, 4 de Junho de 2004
Na verdade, a net é um mundo novo, curioso, cativante e diferente; é também
doce mas, ao mesmo tempo, perigoso. Perigoso porque os sentimentos podem ser
"adulterados" na sua essência e serem mal compreendidos.
Não devemos descurar o mundo "lá de fora", o mundo real, aquele que vivemos de
verdade e na verdade; é certo, que aqui, através do anonimato deixamos que os
nossos medos se transformem em coragens e os nossos gritos possam ser gritados
bem lá do fundo da nossa Alma.
Este mundo serve para exorcizar os nossos "demónios", mas serve também para
encontrarmos novos demónios e novos anjos; o problema está sempre em saber o
que é um anjo e o que é um demónio (tudo em sentido figurado, claro).
Eu escolhi uma forma de estar aqui, a de dizer apenas; a de ouvir apenas; a de
tentar ajudar apenas; a de responder apenas; a de querer que todos me leiam e
me ouçam apenas; a de desejar tudo de bom para todos apenas. E este "apenas"
já é muito neste mundo.
Deixamos aqui impressa a nossa marca de ser que vive e que ri e que chora;
deixamos aqui impressa a nossa marca de ser que é e de ser que não é;
deixamos aqui impressa a nossa marca de ser o que sempre desejamos ser e não o
que somos afinal. É um pouco uma peça de teatro sem actores visíveis.
Às vezes, estes actores encontram-se e criam-se novas vivências.
Umas vezes é bom, outras não.
Umas vezes é um doce, outras vezes é um amargo sabor.
Daí que, eu seja uma "personagem"; uma segunda personalidade de alguém que
também anda por estas bandas sob outro nick; talvez o outro lado desse alguém que sabe o que é a vida e o que ela pode dar ou tirar;
de alguém que já não pretende nada mais do que tentar compreender
exactamente o que está cá a fazer; esse que, no fim, quererá "achar ter entendido".
Os problemas de que falas são problemas perante os quais nada podemos
fazer; apenas podemos dar amor e querer amor.
O caminho (seja de quem for) é para ser percorrido; seja que caminho for; não o podemos alterar nunca.
A meta existe mas nunca sabemos qual é; o caminho é muito diverso mas tem de ser
palmilhado; deixemos que todos palmilhem a rota que escolherem; não tentemos
que a vida seja perfeita; aceitemos a vida tal como ela é; não se consegue
alterar o que quer que seja; ela está já "escrita", não um destino escrito
mas o caminho para lá está.
As "coisas" não são nunca "obtidas".
As "coisas" são-nos "entregues".
Saibamos viver o que a vida nos dá, da forma que ela nos dá, da forma como
ela se nos entrega de braços abertos; mergulhemos de alma e coração na
caminhada que temos pela frente e esperemos que a "perfeição" esteja no
caminhar e não no caminho que se percorre ou na meta que se alcança.
Quinta-feira, 3 de Junho de 2004
"...andamos aqui a tentar perceber; andamos aqui a tentar compreender porque somos maus, porque somos bons... Todos nós temos de morrer um dia; esperemos que o mais tarde possível; mas todos vamos morrer; eu vou morrer; uma das coisas que eu gostaria que colocassem na minha sepultura seria uma lápide que dissesse: Acho que percebi!..."
Acabei de ouvir estas palavras (mais ou menos mas o sentido foi este) numa entrevista, que acabou de dar na rtp2, a Gonçalo M Tavares, autor do livro "Jerusalém" premiado este ano com o Prémio Ler.
Gostei de ouvir o entrevistado e consegui agarrar a sua mensagem.
Gostaria também de um dia, no fim da vida, poder dizer: "Acho que percebi"!